terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Cineclubando: CINECLUBISMOS X HISTÓRIA X CRISE X DESENVOLVIMENTO...

Cineclubando: CINECLUBISMOS X HISTÓRIA X CRISE X DESENVOLVIMENTO...: Da varanda de minha casa, na transe de meus pensamentos, eclosão de meu coração cineclubista, nos delírios de minha mente insana. "Era uma ...

CINECLUBISMOS X HISTÓRIA X CRISE X DESENVOLVIMENTO HUMANO E CULTURAL


Da varanda de minha casa, na transe de meus pensamentos, eclosão de meu coração cineclubista, nos delírios de minha mente insana.

"Era uma tarde, estava por ali, vivendo minha primeira Jornada Nacional de Cineclubes, o evento, a 25ª Jornada, após uma década de desarticulação. Embates de pensamentos e vertentes de ditos grupos e defesas de ideais. "

"Entre as entrevistas com ditos considerados hoje como dinossauros do Movimento Cineclubista, entre uma entrevista que presenciei com os "Feios, Sujos e Malvados" e a convivência tanto com o ambiente do debate e como com momentos de desrespeito a história individual e ao amor de cada militante ao cineclubismo. Quando quase que o evento vira um palco de guerra, sendo salvo pela lucidez de seus participantes. Estava eu ali, apenas um jovem sedento de libertação e aprendizado, apenas mais um nascimento de mais um cineclubista. Aconteceu ali, próximo ao cruzamento da Av. Ipiranga com a Av. São João, quando alguma coisa aconteceu em meu coração."


CINECLUBISMOS X HISTÓRIA X CRISE X DESENVOLVIMENTO HUMANO E CULTURAL

Eu, na minha mais lúcida loucura, revendo textos e vídeos sobre o cineclubismo, me peguei hoje na ousadia de escrever a minha visão, as minhas idéias não são pregações e teorias a serem seguidas, mas me são o que resulta no meu grito e amor ao cineclubismo. 

Sim houve época que me trai, trai os meus sonhos, minha própria fé na vida e no ser humano. Todos nós temos o direito de errar um dia, e o mesmo direito de reconstruir nossas atitudes. Todos nós um dia caímos, um dia nos levantamos. O que nos dignifica e nos permanece é jamais desistir de nossos sonhos. Entre tragédias de minha vida comum, porres de ópio humano, foi o cineclubismo a base de minha formação enquanto ser humano.


Conheci o Movimento Cineclubista no idos da 25ª Jornada Nacional de Cineclubes, ocorrida em São Paulo, era apenas um jovem, que compunha a retomada do Movimento, de forma tímida, mas sim, fui um dos jovens que ali iniciava trajetória e caminhada pelo cineclubismo. Para mim, que sou espírito-santense (tenho receios da palavra capixaba, pois não a reconheço como substantivo que defina o povo nascido no Espírito Santo, a acho pronome de quem nasça apenas na Capital), fiquei maravilhado tanto pelo debate, como encantado com a participação do Espírito Santo, e a união do Movimento entorno do Presidente Eleito Antônio Claudino de Jesus, que acima de Espírito-Santense, acima de militante e ícone do movimento cineclubista do Espírito Santo, eleito foi e presidente foi por mais 03 Gestões Bianuais, unido e consoante com um Coletivo de Cineclubistas que acreditaram numa corrente histórica na retomada do Movimento. Prevalece o respeito ao individuo e a consagração do coletivo.

Sim, de 2004 aos idos de 2012, foram grandes vitórias, se houveram derrotas, tudo é conjunto de aprendizado. 

O Movimento cresceu, avassaladoramente, atingindo todos os Estados Brasileiros, hoje, composto por diversos cineclubistas que atuam em diversos Movimento Sociais. Ao longo de a cada dois anos, sofre um forte processo de renovação e reoxigenação, é permanente o crescimento e viável perceber as tantas vertentes e idéias e peculiaridades que vem se agregando ao Movimento ao longo dos quase 07 anos de rearticulação.

Todo crescimento, tem seus destaques, suas ponderações e arguições, como também, tem seus entraves.

O que venho consagrar neste meu grito, é o sentimento que sonho emanar pelo Movimento Brasileiro, que é o amor ao que fazemos, ao que representamos, ao que somos.

Este movimento é a base de todo processo cinematográfico, mas que hoje se insere nos processos de desenvolvimento humano e social, e claro, cultural.

Temos um cadeira no Conselho Consultivo da SAv, atuação fundamental no Congresso Brasileiro de Cinema, forte identificação e aproximação com a Associação Brasileira de Documentarista e Curtametragistas, e além de representação, ícones fundamentais de colaboração, participação e atuação no cenário do Movimento Cineclubista Internacional.

O Movimento hoje, é reconhecido e respeitado, enfim temos o respaldo de anos de desenvolvimento. 

Do Movimento Cineclubista origina-se grandes lideranças políticas e civis desta nação, o cinema novo, em tese, bases do Terceiro Setor. Este movimento merece menção honrosa, na história do desenvolvimento humano e cultural do Brasil, tendo atravessado diversas gerações desde o primeiro cineclube brasileiro em 1928, tendo sido palco de diversos debates e surgimento de diversas propostas que vão de encontro com o desenvolvimento social, político, cultural e humano.

Ao passo de minha jovem participação e aprendizado, como cineclubista, não consigo entender o que chamamos de crise, como também vou contra qualquer embate de ideal e vertente, quando este embate se dá na busca pelo poder politico e se torna até chauvinista e radical.

Enfim, o que mais me encanta, além do encontro de idéias e pessoas, ação que o cineclubismo sempre promoveu, além do compartilhamento, é o debate. O debate com respeito ao indivíduo e a história, o debate democrático. Acho mais do que válido ,quando me deparo com textos, propostas, encontros e desencontros de ideais por aqui nesta lista, acho que cada momento é único e contribuidor para o que chamamos história e desenvolvimento do movimento.

Paralelo , a possíveis entraves e crises, nós somos os grandes responsáveis, porque deixarmos de acreditar na dimensão que tem este movimento, e nas diversas possibilidades, e passarmos acreditar que existe alguma crise? Se agimos ou agirmos assim, de certo a criamos. Até porque no meu simples contexto, crise é uma palavra um tanto pesada, para definir resultas ou não resultados. É mais um preâmbulo político do que substantivo que possa definir um via de desenvolvimento qualificado.

Se há, ao meu ver, é um pouco mesmo crise de identidade. Porque cada vez mais, somos um movimento cineclubista composto por tantos outros movimentos e eixos.

Estamos inseridos nos diversos debates e temas desenvolvidos e produzidos na Sociedade Brasileira.

Temos cineclubes que discutem a questão ambiental, cineclubes de cinéfilos, cineclubes que atuam nas construção de políticas públicas, cineclubes em defesa do movimento negro, em defesa da sexualidade e relações homoafetivas, cineclubes que apenas promovem ações de lazer.
Fato é que ao longo destes sete anos , o movimento cresceu e vem se disseminando assustadoramente de forma fascinante por todo o Brasil, possibilitando o acesso ao cinema em suas diversas formas de exibição, dai me recordo de um vídeo produzido na 26ª Jornada de Cineclubes em Santa Maria-RS, com o título Toda Forma é Cinema. ( http://www.youtube.com/watch?v=h0Y2AYgFgFk )

Se pensarmos que o Cineclubismo surgiu em contraposição ao monopólio de mercado, na valorização do cinema sem tela, nos direitos do público de ter acesso a cultura e aos filmes, que houve uma época que abordamos e ainda defendemos a bandeira de luta em defesa do cinema brasileiro, quando deste movimento se originou, não só grandes cineastas, mas cinematecas e diretrizes do cinema brasileiro.

E ainda, constatamos que houve outros anos, quando o Cineclube meio que escapou de algumas Leis Severas da Ditadura Militar, e muita gente deixou de ir ao Cineclubes para ver filmes, mas para reunir contra a censura e a Ditadura Militar. E ai, sem conhecimento histórico, ao meu ver, pode ter sido a partir dai, que passamos a abranger as atenuantes em defesa do cinema, para uma amplitude maior dentro do desenvolvimento político e humano. Nos contraponto a atitudes e posições que feriram nossa Legislatura Brasileira e os princípios da democracia.

Acho importante citar aqui, segundo meu conhecimento, de que atividade cineclubista, é reconhecida pela Lei Brasileira, já desde esta época, quando o cineclube escapou (acho que é do AI-5 - Felipe me salva ai...rs), por ter sido reconhecido como Atividade Legal (legalizada).

Hoje, fato é que após 35mm e 16 mm, com a vinda do VHS que tão logo já se foi, a vinda do DVD que já começa a partir também; no surgimento do suporte digital, do data show, exibição não só no telão, mas na parede, nos muros e em velas ou jangadas; encontramos diversas formas de existir e garantir a democratização do acesso ao cinema como expressão do sonhos e do imaginário popular.

Hoje, não só exibimos, mas muitos dos cineclubes atuais, também produzem seus filmes. 

O grande desafio ao meu ver, é compreendermos estas evoluções e revoluções, a interação com o desenvolvimento humano, social e cultural, à pensar no cineclubismo e suas diversas formas sociais , humanas e imateriais.

Verdade e evidente, que chega um momento crucial, e acho que é uma grande proposta para a próxima Jornada Nacional de Cineclubes, a Criaçãode uma Comissão de Estudo da História e Desenvolvimento do Movimento Cineclubista Brasileiro, uma Comissão que não se atraque a embates políticos do Movimento, mas que possa de forma sensata avaliar todas as grandes lutas e conquista do Movimento Cineclubistas Brasileiro desde o seu surgimento há mais de 80 anos atrás. Pode até ser um GT da Jornada, o desenvolvimento histórico do Movimento Cineclubista, seus ganhos e perdas, suas contribuições ao desenvolvimento humano.

Como também acho, que poderíamos passar a propor uma Diretoria ou Comissão, e estudo, da atuação do Cineclubismo no segmento da juventude, e darmos talvez ênfase a capacitação da Juventude Cineclubista.

Acredito muito neste Movimento, e acho, o que devemos lutar e refletir, é que a próxima Jornada, continue a consagrar o encontro de idéias, o respeito ao ser humano e individuo, e que nunca mais este Movimento volte um dia a ser palco de disputas pessoais, confronto de ideais no campo do chauvinismo e não respeito a história de cada cineclubista.

Eu acredito que todos,  um dia, pelo movimento em si, que foram considerados líderes do movimento e o são, a cada ano e gestão na história do Movimento, fizeram e fazem as suas contribuições fundamentais na construção da História e Consolidação do Movimento Cineclubista Brasileiro.

Nos resta e nos remete, a consagração do Movimento enquanto coletivo. 

Conclamo, que possamos ser sensatos, que possamos sim, dar sempre continuidade ao debate. Volto-me para minha participação em 2004, na 25ª Jornada, quando sai com um gravador de aúdio simples, a entrevistas e perguntar a antigos cineclubista, sobre o que é cineclube, como era o cineclube nos idos de 70 e 80, o que significada a  rearticulação do movimento. Enfim, passo a passo, vou saboreando minhas recordações, cada momento que vivi nos encontros cineclubistas, tanto com jovens cineclubistas quanto com ícones históricos do movimento. 

Se pudesse resumir, cada convívio, daria um belo filme sobre cineclubismo. Aprendi a ter carinho por cada um que convivi ao longo dos anos, a respeitar suas peculiaridades individuais e buscar aprender com suas participação que somam ao movimento coletivo.

Alguns, nem mesmo conversavam entre si, outros se atracavam, uns sumiram por um tempo, outros sempre estiveram por aqui, mas a cada bate papo, olhando do ponto de vista do amor ao cineclubismo,  foi um conteúdo e registro histórico, que compôs a minha formação cineclubista.

Para cada jovem cineclubista que se insere e vem para o movimento, eu acho fundamental saber da história deste movimento, ir ao bate papo com tantos ícones que contribuíram com o seu desenvolvimento e construção, como eu acho fundamental que aclamemos a paixão ao cineclubismo e a lucidez de sabermos que cada um de nós somos importantes e temos muito a contribuir a este movimento.

Acho que alguns pilares do que nós como cineclubistas sentimos, devem voltar a serem consagrados em nosso meio.

Acredito muito em cada cineclubista que convive, nos tantos que se tornaram ícones de aprendizado e admiração no que tange a minha formação pessoal...

Eu continuo por ai, entre processos de reconstrução de mim mesmo, sempre aflorando minhas recordações cineclubistas, em busca de mim mesmo, quando me perdi eu me encontrei. Sempre o eterno menino e cineclubista correndo por ai.... Sempre...

Por ai eu sigo, trago a saudade de amigos cineclubistas, de participar nas Jornadas Nacionais, e já em breve me preparando para fundar mais um cineclube, fortalecido pela vivência do tempo, e que possa ir de encontro com o imaginário popular, e estar a distância de um piscar de olhos de meu olhar para a tela e o filme, no compasso das batidas de meu coração cineclubistas.



-- 
Luciano Guimarães de Freitas

Militante Movimento Nacional de Cineclubes desde 2004
Cineclubista - Poeta - Eterno Menino
Espírito Santense.
www.cineclubando.blogspot.com

www.deliriosecotidiano.blogspot.com