domingo, 30 de janeiro de 2011

Uma reflexão ao cineclubismo

"É sim tarde da noite, ou melhor, já é madrugada a fora, que por aqui sigo assistindo alguns curta metragens, entre eles me deparo com o Curta "Meninos da Guarani" de Markus Konká, e me leva a refletir sobre a violência urbana, mais que isso, sobre os talentos e chamas de esperança que se apagam nas ruas de nossas cidades.
 
E o que fazemos nós? Como apenas refletir?
 
Quando todo processo de humanização, toda luta por mais dignidade, vai atravessar as chamadas de marketing de nossos Governantes e se tornarem realmente reais?
 
Dai , sinto o calor do cineclubismo que acredito, a possiblidade de levar as pessoas a refletirem sobre o cotidiano e a realidade através da tela, da imagem em movimento. E, baseado neste contexto, me vem à mente a lembrança de muitos dos Cineclubes do Rio de Janeiro que persistem exibindo nos bairros de periferia. É, de fato, uma oportunidade, além da democratização do acesso ao cinema, da formação de espaços de resistência e reflexão, quando, através do cineclubismo, podemos contribuir para um caldo cultural que possa incentivar mudanças de atitude e comportamentos. Um espaço que após a exibição de filme, passa a ser um espaço de reflexão e ações, no que tange à busca por condições dignas de vida.
 
Poderia citar dentro do universo que tenho por conhecimento, o trabalho do Cineclube Olho da Rua e do Cineclube Kbeça que funcionam no ES. Me vem o Centro de Referência da Juventude e algumas ações que são realizadas ali.
 
Dai, conclamo os cineclubes a manter vivas estas chamas de esperanças, crianças e jovens, mantê-los pensantes sempre, vivos de cultura e atitudes de paz, buscando e sonhando sempre com um amanhã melhor, com mais oportunidades.
 
É neste cineclubismo que eu acredito, acredito que dentro do conceito desta viajem minha, sendo delírio ou não, começamos bem, quando pensamos em cineclubismo e educação, mas precisamos e podemos pensar mais, dentro do universo do cineclubismo e suas ações. Temos cineclubes ambientais discutindo a questão ambiental, temos cineclubes discutindo a questão da sexualidade, temos cineclubes discutindo a violência, temos uma alta gama de variáveis. E creio ou acredito que precisamos buscar formas e projetos, a nível de Conselho Nacional, que possam contribuir para um Brasil mais digno, um Brasil de paz, um encontro de nossa pluralidade e diversidade cultural, na busca de uma cultura de paz. Uma ação que possa contemplar todas estas variáveis.
 
O cineclubismo que acredito é capaz de transformar comportamentos, capaz sugerir ações, e capaz de ser um caldo para o nascimento de idéias e pensadores.
 
Necessitamos cada vez mais ocupar os espaços então ocupados pela violência e morte, precisamos invadir estes espaços mal ocupados, seja através do cinema, seja através de outras e diversas manifestações.
 
E que esta ocupação não seja fruto da mídia ou de discursos de Governos preocupados com o voto ou com a Campanha do ano que vem, mas fruto de Políticas Públicas e da organização da sociedade civil, que não seja de fora para dentro mas de dentro para dentro, aliando a conciência comum de cada um em sua comunidade somado a ações coletivas.
 
Me perco em toda odisséia do que estou pensando agora, mas me deixo levar por acreditar que o cineclube é ferramenta fundamental no que tange a formação de idéias e pensadores, no que tange a formação do cidadão e formação de atitudes e ações.
 
Eu fico, no texto de Augusto Cury no Romance o Vendedor de Sonhos, quando um andarilho se curva diante dos Professores e declara: " Uma sociedade que aparelha muito mais quem pune do que quem educa, é uma sociedade doente."
 
Logo me vem a frase do Cineclubista Orlando Bonfim, no filme documentário Diálogos:
"... Cineclube... é se posicionar perante a vida..."
 
Viva ao cineclubismo e suas possibilidades!
 
Por uma cultura de paz, por mais humanidade e dignidade de vida."

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Luciano Guimarães de FreitasDiretor de Relações Institucionais
Cineclube Juparanã